A verdade em que acreditamos

Escrito por :    Zac Poonen Categorias :   Verdade Fundamental Buscador
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Somos ordenados nas Escrituras a prestar muita atenção a nós mesmos e ao nosso ensino, pois somente assim podemos garantir a salvação para nós mesmos e para aqueles a quem pregamos (1ª Timóteo 4:16).

Nossa vida e nossa doutrina são como duas pernas que dão estabilidade à nossa vida cristã. Ambas as pernas devem ser igualmente longas, como em seres humanos normais. De um modo geral, na cristandade, vemos que a maioria dos crentes enfatiza demais uma ou outra dessas duas "pernas".

Quando se trata de doutrina, somos ordenados a "manejar bem a palavra da verdade" (2ª Timóteo 2:15). Muitos são descuidados em seu estudo das Escrituras e, portanto, desequilibrados em sua compreensão da doutrina.

A verdade de Deus é como o corpo humano. É perfeita apenas quando cada parte é encontrada em seu tamanho correto. Nem todas as verdades nas Escrituras são igualmente importantes. Para dar apenas um exemplo: falar em línguas não é tão importante quanto amar outros crentes. Se alguma doutrina for enfatizada em detrimento de outra, então a verdade que proclamamos será tão feia quanto um corpo com um olho ou orelha enorme!! Além disso, tal ênfase excessiva também nos levará a nos tornarmos heréticos em nossas crenças. É importante, então, lidarmos com a verdade de Deus com precisão.

Teria sido simples se pudéssemos apenas dizer que cremos na verdade como ela se encontra na Palavra de Deus (nos 66 livros que compõem a Bíblia). Essa é a verdade. Contudo, como a verdade da Palavra de Deus tem sido distorcida e corrompida pela astúcia de Satanás e dos homens, torna-se necessário ampliar e explicar exatamente o que a Bíblia ensina.

A Palavra de Deus, ao contrário da matemática e da ciência, não pode ser compreendida por mero estudo intelectual à parte da revelação do Espírito Santo. Essa revelação, disse Jesus, é dada apenas a bebês (os humildes) e não a intelectuais orgulhosos (Mateus 11:25). Era por isso que os estudiosos da Bíblia da época de Jesus não podiam compreender Seu ensino. A maioria dos estudiosos da Bíblia de hoje também está no mesmo barco e pela mesma razão!

Ao mesmo tempo, devemos usar nossas mentes também, pois somos ordenados a ser "maduros em nosso entendimento" (1ª Coríntios 14:20).

Portanto, apenas uma mente totalmente submissa ao Espírito Santo pode entender a Palavra de Deus corretamente.

Deus quer que todos os Seus filhos sejam totalmente livres em todos os sentidos. Porém, muitos crentes estão escravizados a tantos hábitos pecaminosos e tradições humanas. Uma razão para isso é que eles leem a Palavra de Deus tão descuidadamente.

Quanto mais diligentes formos para entender a Palavra de Deus, mais a verdade nos libertará em todas as áreas de nossa vida (veja João 8:32).

A maioria dos crentes é muito cuidadosa quando se trata de investir seu dinheiro. Entretanto, eles são muito descuidados quando se trata de estudar as Escrituras. Isso mostra que eles valorizam mais o dinheiro do que a Deus. Tais crentes obviamente se desviarão em seu entendimento da Palavra de Deus.

Somos informados claramente que toda a Escritura foi dada para nos tornar "perfeitos" (2ª Timóteo 3:16-17 KJV). Assim, poderíamos dizer que aqueles que não estão interessados ​​na perfeição cristã também não serão capazes de entender a palavra de Deus corretamente (veja João 7:17 também).

O temor do Senhor é o princípio da sabedoria; e Deus revela Seus segredos apenas àqueles que O temem (Salmos 25:14).

A verdade a respeito de Deus

A Bíblia ensina que Deus é Um e também que há três Pessoas neste Deus Único.

Uma vez que os números pertencem ao mundo material e uma vez que Deus é Espírito, nossa mente finita não pode compreender essa verdade completamente, da mesma forma como um copo pequeno não pode conter a água de um oceano.

Um cachorro não consegue entender a multiplicação, como três unidades quando multiplicadas ainda podem ser um: 1x1x1=1. Igualmente, nós não podemos compreender como Deus pode ser Três Pessoas e ainda Um Deus. Um cachorro só pode entender outro cachorro. Ele não pode entender um homem completamente. Da mesma forma, um deus que pudesse ser explicado e compreendido por nossa razão humana seria apenas outro homem igual a nós. O próprio fato de que o Deus da Bíblia transcende nossa razão é a evidência mais clara de que essa é realmente a verdade.

A verdade da Trindade é clara desde o primeiro versículo da Bíblia, no qual a palavra para "Deus" está no plural, no hebraico "Elohim". Também vemos isso no uso das palavras "nós" e "nosso" em Gênesis 1:26. A luz se concentra mais claramente no batismo de Jesus, em que o Pai (voz do céu), o Filho (Jesus Cristo) e o Espírito Santo (na forma de uma pomba) estão todos presentes (Mateus 3:16-17).

Aqueles que dizem que o próprio Jesus é Pai, Filho e Espírito Santo não podem explicar como Ele poderia então ter feito a vontade de Seu Pai na terra enquanto negava Sua própria vontade (João 6:38). Os unitaristas que acreditam que Deus é apenas Uma Pessoa e que, portanto, batizam em nome de "Jesus somente" estão, assim, negando que Jesus veio como homem.

A Bíblia diz que aquele que tem o ensino correto tem tanto o Pai quanto o Filho e que aqueles que negam o Pai ou o Filho têm o espírito do Anticristo (2ª João 1:9; 1ª João 2:22).

No batismo cristão, Jesus nos ordenou especificamente que batizássemos no tríplice nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mateus 28:19), sendo o Filho identificado como o Senhor Jesus Cristo (Atos 2:38).

A verdade a respeito de Cristo

As Escrituras ensinam que Jesus Cristo existiu como Deus e foi igual a Deus desde toda a eternidade (João 1:1) e que, quando veio à terra como Homem, Ele voluntariamente escolheu NÃO exercer alguns daqueles poderes que tinha como Deus. Isto é o que significa a expressão "esvaziou-se a si mesmo" (Filipenses 2:6-7).

Considere alguns exemplos que provam isso: Deus não pode ser tentado pelo mal (Tiago 1:13). No entanto, Jesus se permitiu ser tentado (Mateus 4:1-10). Deus sabe de tudo. Todavia, quando estava na terra, Jesus disse que não sabia a data de Sua própria segunda vinda (Mateus 24:36). Ele também teve que se aproximar de uma figueira para ver se ela tinha algum fruto (Mateus 21:19). Se Ele tivesse usado Seu poder como Deus, saberia que a árvore não tinha frutos de longe! A sabedoria de Deus é imutável e eterna. No entanto, é registrado duas vezes sobre nosso Senhor Jesus que "Ele cresceu em sabedoria" (Lucas 2:40, 52).

Todos esses versículos indicam que Jesus "se esvaziou" de muitos dos poderes de Deus quando veio à terra.

Contudo, embora Jesus tenha se esvaziado desses poderes quando veio à terra, em Sua Pessoa Ele ainda era Deus. Obviamente, é impossível que Deus deixe de ser Deus, mesmo que Ele quisesse fazê-lo. Um rei pode ir morar em uma favela, renunciando a seus direitos de rei. Porém, ele ainda seria o rei. Assim é com Jesus.

A prova mais clara da Divindade de Jesus quando Ele estava na terra é vista nos 7 casos registrados em que Ele aceitou adoração de outros (Mateus 8:2; 9:18; 14:33; 15:25; 20:20; Marcos 5:6; João 9:38). Anjos e homens tementes a Deus não aceitam adoração (Atos 10:25-26; Apocalipse 22:8-9). Contudo, Jesus aceitou, porque Ele era o Filho de Deus. O Pai revelou a Pedro que Jesus era o Filho de Deus mesmo enquanto estava na terra (Mateus 16:16-17).

Com relação à humanidade de Jesus, Hebreus 2:17 é muito exato quando afirma que Jesus "foi feito semelhante a seus irmãos em todas as coisas". Ele NÃO foi feito como os filhos de Adão, pois então Ele teria um "velho homem" como o resto da humanidade. ("Velho homem" é a frase bíblica para a qual muitos, infelizmente, usam a expressão não bíblica "natureza pecaminosa").

Jesus NÃO tinha uma natureza pecaminosa, pois Ele não teve um pai humano. Jesus nasceu do Espírito Santo e foi santo desde a concepção (Lucas 1:35).

Os irmãos espirituais de Jesus são aqueles que fazem a vontade de Deus (Mateus 12:49-50), que são nascidos do Espírito (João 3:5) e que se despojaram do velho homem e se revestiram do novo (Efésios 4:22, 24). Entretanto, nós, os irmãos de Jesus, temos vontade própria e Jesus foi feito como nós "em todas as coisas". Ele também tinha uma vontade própria, a qual negava (João 6:38).

Quando nascemos, como filhos de Adão, todos nascemos com um velho homem. O velho homem pode ser comparado a um servo infiel que abre a porta do nosso coração para os desejos da carne (que podem ser comparados a uma gangue de ladrões) que procuram entrar. Quando nascemos de novo, esse velho homem é morto por Deus (Romanos 6:6). No entanto, ainda temos a carne pela qual somos tentados (Tiago 1:14-15). O velho homem é agora substituído por um novo homem que resiste aos desejos da carne e busca manter a porta do coração fechada contra essa "gangue de ladrões".

Jesus foi tentado em todos os pontos como nós e venceu (Hebreus 4:15). No entanto, Ele não veio em "carne pecaminosa", mas apenas "em semelhança de carne pecaminosa" (Romanos 8:3). Vivemos muitos anos em pecado. Os hábitos pecaminosos que adquirimos ao longo de muitos anos de pecado nos levam a pecar inconscientemente, mesmo depois de nascermos de novo.

Por exemplo, aqueles que usaram muitos palavrões no passado podem descobrir que tais palavras saem de sua boca sem escolha consciente, quando estão sob pressão; enquanto aqueles que nunca usaram palavrões em seus dias de não convertido não se encontram usando tais palavras, mesmo inconscientemente. Da mesma forma, aqueles que leram muita pornografia descobrem que têm um problema maior com pensamentos e sonhos sujos do que outros que não se entregam a isso.

Jesus nunca pecou e também não teve nenhum pecado inconsciente em sua vida. Se Ele tivesse pecado inconscientemente, mesmo que uma vez, Ele teria de oferecer um sacrifício por aquele pecado (como lemos em Levítico 4:27-28). Então, Ele não poderia ter sido um sacrifício perfeito pelos nossos pecados. Ele nunca pecou, consciente ou inconscientemente.

A doutrina da Pessoa de Jesus tem sido ponto de controvérsia ao longo da história da igreja e muitas heresias foram proclamadas a respeito dela. Alguns enfatizaram demais a Sua Divindade a ponto de não conseguirem vê-Lo como um Homem que foi tentado exatamente como nós. Outros enfatizaram demais Sua humanidade a ponto de anular Sua Deidade.

Nossa única salvaguarda para evitar ambas as heresias é permanecer com toda a revelação de Deus nas Escrituras e parar onde ela para, para não irmos "longe demais" (2ª João 7, 9).

A vinda de Jesus à terra como Homem é um mistério. É tolice tentarmos analisar essa verdade além do que nos é dito na Bíblia. Fazer isso seria uma ação tão tola e irreverente quanto os israelitas curiosamente espiando dentro da arca de Deus (um tipo de Cristo). Deus matou aqueles que o fizeram (1º Samuel 6:19).

Jesus disse que veio à terra para negar a Sua própria vontade e fazer a vontade do Pai (João 6:38). Isso mostra que Jesus tinha uma vontade humana que se opunha à de Seu Pai (Mateus 26:39). Caso contrário, Ele não teria que negar essa vontade.

Jesus também foi tentado em todos os pontos, exatamente como nós (Hebreus 4:15). No entanto, porque Ele nunca consentiu em Sua mente com nenhuma dessas tentações, Ele nunca pecou (Tiago 1:15). Todas as tentações que podemos enfrentar foram enfrentadas e vencidas por nosso Senhor Jesus durante Sua vida terrena.

Todos nós sabemos como é difícil viver sem pecar nem mesmo por um único dia! Então, poderíamos dizer que o maior milagre que Jesus fez foi viver sem pecar por mais de 33 anos, mesmo sendo tentado exatamente como nós em todos os pontos, diariamente. Ele resistiu ao pecado até a morte e recebeu graça do Pai desde o Seu nascimento (Lucas 2:40) até a Sua morte (Hebreus 2:9), porque a buscou com grande clamor e lágrimas (Hebreus 5:7 e 12:3-4).

Como nosso Precursor, Jesus agora nos chama a seguir Seu exemplo de tomar a cruz (levar nossa vontade à morte) todos os dias (Lucas 9:23).

Caímos no pecado, porque não resistimos ao pecado com seriedade suficiente e porque não pedimos ao Pai graça para vencer. Hoje, não somos chamados a seguir Jesus nos aspectos externos de Sua vida (ser carpinteiro ou solteiro) nem em Seu ministério (de andar sobre as águas ou de ressuscitar os mortos), mas sim a sermos fiéis como Ele foi ao vencer o pecado.

O Espírito Santo nos inspira a fazer duas confissões a respeito de Jesus Cristo: uma, que Ele é o Senhor, e a outra, que Ele veio em carne (1ª Coríntios 12:3; 1ª João 4:2-3). Ambas as confissões são igualmente importantes, mas a última ainda mais, porque nos é dito que a marca identificadora do espírito do Anticristo é que ele não confessa que Jesus veio em carne (2ª João 7).

Hoje, o Homem Cristo Jesus (1ª Timóteo 2:5) é o "primogênito entre muitos irmãos" (nosso Irmão Mais Velho) e Seu Pai é nosso Pai também (Romanos 8:29; João 20:17; Efésios 1:3; Hebreus 2:11).

Jesus não deixou de ser Deus quando veio à terra (João 10:33). Ele não deixou de ser Homem quando voltou para o céu (1ª Timóteo 2:5) .

A verdade a respeito da salvação

A palavra de Deus fala de "salvação" em três tempos: passado (Efésios 2:8), presente (Filipenses 2:12) e futuro (Romanos 13:11); ou, em outras palavras, de justificação, santificação e glorificação.

A salvação tem um fundamento e uma superestrutura. O fundamento é o perdão dos pecados e a justificação.

A justificação é mais do que o perdão dos nossos pecados. Também significa que fomos declarados justos aos olhos de Deus, com base na morte, ressurreição e ascensão de Cristo. Isso não é baseado em nossas obras (Efésios 2:8-9), pois até mesmo nossas boas obras são como trapo imundo aos olhos de Deus (Isaías 64:6). Somos revestidos da justiça de Cristo (Gálatas 3:27). Arrependimento e fé são as condições para ser perdoado e justificado (Atos 20:21).

O verdadeiro arrependimento deve produzir em nós o fruto da restituição: devolver dinheiro, coisas e impostos devidos que estão indevidamente em nossa posse (que pertencem a outros), e pedir desculpas àqueles a quem prejudicamos, tanto quanto possível (Lucas 19:8-9). Quando Deus nos perdoa, Ele também exige que perdoemos os outros da mesma maneira. Se falharmos em fazer isso, Deus retira Seu perdão (Mateus 18:23-35).

O arrependimento e a fé devem ser seguidos pelo batismo por imersão em água, pelo qual testemunhamos publicamente a Deus, aos homens e aos demônios que nosso velho homem foi realmente sepultado (Romanos 6:4, 6).

Podemos então receber o batismo no Espírito Santo pelo qual somos dotados de poder para sermos testemunhas de Cristo por nossa vida e nossos lábios (Atos 1:8). O batismo (plenitude) do Espírito Santo é uma promessa a ser buscada (Lucas 11:13) e recebida pela fé por todos os filhos de Deus (Mateus 3:11).

É privilégio de todo discípulo ter o testemunho do Espírito em seu coração de que ele é realmente um filho de Deus (Romanos 8:16) e também ter certeza de que foi cheio do Espírito Santo (Efésios 5:18).

A santificação é a superestrutura do edifício. A santificação (que significa "ser separado" do pecado e do mundo) é um processo que começa com o novo nascimento (1ª Coríntios 1:2) e que deve continuar durante toda a nossa vida terrena (1ª Tessalonicenses 5:23-24). Essa é uma obra que Deus inicia em nós por meio do Espírito Santo, escrevendo Suas leis em nosso coração e mente (Hebreus 8:10); mas temos de fazer nossa parte, operando nossa salvação com temor e tremor (Filipenses 2:12-13). Somos nós que devemos mortificar as obras do corpo pelo poder que o Espírito nos oferece (Romanos 8:13). Somos nósque devemos nos purificar de toda imundície da carne e do espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus (2ª Coríntios 7:1).

Onde um discípulo é radical e sincero em cooperar com o Espírito Santo nessa obra, a obra de santificação progredirá rapidamente em sua vida. A obra obviamente será lenta ou estagnada na vida de alguém cuja resposta à orientação do Espírito é lenta.

É em tempos de tentação que nossa sinceridade em desejar a santificação é verdadeiramente testada.

Ser santificado é ter a justiça da lei cumprida dentro de nosso coração, e não apenas externamente como na antiga aliança (Romanos 8:4). Isso foi o que Jesus enfatizou em Mateus 5:17-48.

Os requisitos da lei foram resumidos por Jesus da seguinte forma: amar a Deus de todo o coração e amar ao próximo como a nós mesmos (Mateus 22:36-40).

É essa lei de amor que Deus agora busca escrever em nosso coração, pois essa é a Sua própria natureza (2ª Pedro 1:4). A manifestação externa disso será uma vida de vitória sobre todo pecado consciente e de obediência a todos os mandamentos de Jesus (João 14:15).

É impossível entrar nessa vida sem primeiro cumprir as condições de discipulado que Jesus estabeleceu (Lucas 14:26-33), que são basicamente dar ao Senhor o primeiro lugar acima de todos os nossos parentes e de nossa própria vida e ser desapegado de todas as nossas riquezas e posses materiais.

Essa é a porta estreita pela qual temos de passar primeiro. Então vem o caminho estreito da santificação. Aqueles que não buscam a santificação nunca verão o Senhor (Hebreus 12:14).

Embora seja possível ser perfeito em nossa consciência aqui e agora (Hebreus 7:19; 9:9, 14), não é possível ser perfeito sem pecado até que tenhamos um corpo glorificado na volta de Jesus (1ª João 3:2). Só então poderemos ser SEMELHANTES a Ele. Contudo, devemos procurar ANDAR como Ele andou, mesmo agora (1ª João 2:6).

Enquanto tivermos este corpo corruptível, o pecado inconsciente será encontrado nele, por mais que sejamos santificados (1ª João 1:8). Entretanto, podemos ser perfeitos em nossa consciência (Atos 24:16) e sermos livres do pecado consciente (1ª João 2:1a) mesmo agora, se formos sinceros (1ª Coríntios 4:4).

Assim, esperamos pela segunda vinda de Cristo e por nossa glorificação, a parte final de nossa salvação, quando nos tornaremos perfeitos sem pecado (Romanos 8:23; Filipenses 3:21).

A verdade a respeito da Igreja

A igreja é o corpo de Cristo. Ela tem apenas uma Cabeça: Cristo; e tem apenas uma sede: o terceiro céu. No corpo de Cristo, cada membro tem uma função (Efésios 4:16). Embora alguns membros possam ter um ministério mais importante ou visível do que outros, cada membro tem algo valioso para contribuir.

Cristo deu à Sua igreja apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres para edificar Seu corpo (Efésios 4:11). Esses são ministérios e não títulos. Apóstolos são aqueles chamados e enviados por Deus para plantar igrejas locais. Eles têm o primeiro lugar na igreja (1ª Coríntios 12:28) e são, portanto, presbíteros dos presbíteros das igrejas dentro de sua esfera (2ª Coríntios 10:13). Profetas são aqueles que revelam e ministram às necessidades ocultas do povo de Deus. Evangelistas são aqueles que têm o dom de trazer não cristãos a Cristo. Eles devem então trazer esses convertidos para a igreja local, que é o corpo de Cristo. (Aqui é que muito do evangelismo moderno falha). Pastores são aqueles que cuidam e guiam os cordeiros e ovelhas jovens. Mestres são aqueles que podem explicar as Escrituras e suas doutrinas. Esses cinco dons são para a igreja em todo o mundo; e, dentre eles, pastores e profetas são a força de toda igreja local. Os outros três dons podem ser itinerantes (de outras localidades).

A liderança da igreja local deve estar nas mãos dos presbíteros. O Novo Testamento ensina isso claramente (Tito 1:5; Atos 14:23). "Presbíteros", sendo plural, implica que deve haver pelo menos dois em cada igreja. Uma pluralidade de presbíteros é necessária para um equilíbrio na liderança da igreja local e também para restringir as atividades de Satanás por meio do poder da presença do Senhor (como lemos em Mateus 18:18-20). A liderança de uma igreja por um só homem é contrária ao ensino do Novo Testamento. Um entre os presbíteros pode, no entanto, ser o "mensageiro da igreja" (Apocalipse 2:1), se tiver o dom da Palavra. Todos os crentes em uma igreja local devem estar sujeitos à autoridade dos presbíteros daquela igreja em todos os assuntos relacionados à igreja local (Hebreus 13:17; 1ª Tessalonicenses 5:12-13).

Jesus proibiu Seus discípulos de terem títulos (Mateus 23:7-12). É contra a palavra de Deus, portanto, ser chamado de Rabino, Pai, Pastor, Reverendo ou Líder. O título de "Reverendo", de fato, é usado apenas para Deus na Bíblia (Salmos 111:9 KJV). Todos na igreja, grandes ou pequenos, são chamados para ser apenas irmão e servo.

A igreja pode ter reuniões para ensino (Atos 20:9, 11), oração (Atos 12:5, 12), evangelismo (Atos 2:14-40) e também para encorajamento mútuo (Hebreus 3:13 - em que os crentes que são dotados com a Palavra podem encorajar uns aos outros - 1ª Coríntios 14:26-40). O dom da profecia deve ser desejado por todos que queiram exercê-lo nas reuniões (1ª Coríntios 14:1, 39). O dom de línguas destina-se principalmente à edificação pessoal (1ª Coríntios 14:4, 18-19). Se for exercido nas reuniões da igreja, deve sempreser seguido por uma interpretação (1ª Coríntios 14:27). A interpretação de uma língua pode ser uma revelação, uma palavra de conhecimento, uma profecia, um ensino ou uma oração a Deus (1ª Coríntios 14:2-6). Todos os dons mencionados em 1ª Coríntios 12:8-10, 28 e Romanos 12:6-8 são necessários para a edificação do corpo de Cristo. Uma igreja que despreza ou ignora os dons do Espírito Santo nunca os terá e será impotente.

As mulheres têm permissão para orar e profetizar com véu nas cabeças nas reuniões. Porém, não lhes é permitido exercer autoridade sobre os homens ou ensinar aos homens (1ª Coríntios 11:5; 1ª Timóteo 2:12). O uso do véu na cabeça da mulher (ensinado em 1ª Coríntios 11:1-16) simboliza:

(a) que a glória do homem deve ser coberta na igreja ("a mulher é a glória do homem" - v. 7);

(b) que a glória da mulher também deve ser coberta na igreja (o cabelo de uma mulher é a sua glória - v. 15). (As mulheres têm consciência de que a sua glória (beleza) está nos seus cabelos e é por isso que muitas que cobrem as suas cabeças cobrem-nas apenas parcialmente!);

(c) que ela é submissa à autoridade do homem (v. 10), seja marido, pai ou presbítero.

As mulheres devem demonstrar a pureza de Cristo na maneira como se vestem; devem vestir-se modestamente e com discrição (1ª Timóteo 2:9).

A igreja também tem a responsabilidade de pregar as boas novas por todos os meios possíveis, a todos os que puder alcançar, com o objetivo de fazer discípulos de Cristo em todas as nações (Marcos 16:15 com Mateus 28:19). Evangelismo sem fazer discípulos, no entanto, não é a vontade de Deus e é um obstáculo ao testemunho de Cristo na terra.

Toda igreja local também deve proclamar a morte do Senhor através do "partir do pão" (1ª Coríntios 11:22-34). A frequência desse testemunho é uma questão sobre a qual a Palavra de Deus dá liberdade a cada igreja. Contudo, nunca se deve permitir que degenere em um ritual vazio.

Quanto às ofertas, a Palavra de Deus deixa claro que é errado receber dinheiro de incrédulos para a obra de Deus (3ª João 1:7). As ofertas nunca devem ser tomadas em reuniões em que os incrédulos estão presentes. Todas as doações dos crentes também devem ser voluntárias, secretas e alegres (Mateus 6:3; 2ª Coríntios 9:7). Portanto, a melhor maneira é manter uma caixa em algum ponto em um local de reunião onde aqueles que desejam doar possam doar sem serem observados. É errado enviar relatórios do trabalho a outros com a intenção de obter dinheiro deles (mesmo que tais relatórios sejam chamados de "cartas de oração"), porque Jesus e os apóstolos nunca fizeram isso.

Uma igreja local só pode ser inabalável quando leva os discípulos à obediência da fé; à obediência a todos os mandamentos de Jesus, particularmente os listados em Mateus 5 a 7. Os menores mandamentos do Novo Testamento também devem ser obedecidos e proclamados com zelo. Isso é o que torna uma pessoa grande aos olhos de Deus (Mateus 5:19).

Há muitos assuntos sobre os quais o Novo Testamento silencia. Em tais assuntos, não devemos ser dogmáticos, mas devemos dar liberdade aos outros discípulos para que mantenham suas próprias convicções, enquanto mantemos nossas próprias convicções firmemente (Romanos 14:5).

É fácil amar aqueles que concordam conosco em todos os assuntos. Nosso amor, entretanto, é testado por nossa atitude para com aqueles que discordam de nós. Deus não pretendeu que todos os Seus filhos tivessem a mesma opinião sobre todos os pontos menores. Ele também não pretendeu que toda igreja local tivesse a mesma forma externa em questões não bíblicas. A glória de Deus deve ser vista em uma unidade em meio à diversidade. A uniformidade é feita pelo homem e traz morte espiritual. Deus não deseja uniformidade, mas unidade.

Finalmente, devemos lembrar que a marca mais clara dos discípulos de Jesus é o amor de uns pelos outros (João 13:35). Assim, a igreja deve procurar ser um como o Pai e o Filho são um (João 17:21).

Tudo isso, em poucas palavras, é a verdade sobre a qual devemos estar firmemente alicerçados.

Sabemos que essa é a verdade, pois ela libertou todos aqueles que a aceitaram de todo o coração (João 8:32).